Deslocamentos na arte
Ano
2010
Formato
CD-ROM
ISBN
978-85-60537-02-0
Organização
Rodrigo Duarte
Romero Freitas
Opções de leitura

Apresentação

Deslocamento é uma chave de leitura fecunda para parte significativa das manifestações estéticas contemporâneas. Se tomarmos a palavra “estética” no sentido amplo do termo, isto é, como algo que abrange tanto a percepção do mundo quanto a interpretação dos produtos da percepção, não será exagero dizer que nós vivemos na era dos deslocamentos estéticos. Já não há fronteiras fixas que delimitem, no campo das manifestações que usualmente são chamadas de “arte”, em sentido estrito, o que é o solo próprio, a terra natal, de cada arte. Também não há fronteiras fixas separando “obras de arte” e “experiências estéticas cotidianas”. No campo das investigações que até pouco tempo podiam ser definidas, de modo mais ou menos claro, como “disciplinas que se ocupam dos fenômenos estéticos”, as fronteiras se deslocam, surgem novas formas de reflexão com a arte e na arte, novas formas de teoria e experimentação com a teoria e na teoria. Talvez não haja melhor forma de designar o processo de acelerada transformação da percepção e do pensamento estéticos do que o título de um livro do poeta romeno-alemão Paul Celan, publicado pela primeira vez em 1955: ao contemplar a paisagem estética contemporânea, passamos constantemente “de limiar a limiar” (Von Schwelle zu Schwelle).

Um encontro internacional de filósofos e pesquisadores da arte em geral, de artistas: de “estetas” no sentido amplo e positivo do termo, teve lugar em Ouro Preto, de 20 a 23 de Outubro de 2009. Essa cidade, onde os deslocamentos físicos não são nunca retilíneos, revelou-se lugar propício para a discussão dos sinuosos deslocamentos estéticos. O CD que o leitor já não tem em mãos (a tecnologia evolui rapidamente, mas ainda não chegou a tanto) é o registro das comunicações e conferências apresentadas naqueles quatro dias.

Ele tem uma longa história prévia: o Congresso Internacional “Deslocamentos na Arte” foi, quanto à sua temática, uma continuação do Congresso Internacional “Estéticas do Deslocamento” (2007). Os dois eventos surgiram a partir de um trabalho conjunto envolvendo a ABRE (Associação Brasileira de Estética) e os Programas de Pós-Graduação em Filosofia da UFMG (através da Linha de Pesquisa “Estética e Filosofia da Arte”) e da UFOP (através de todas as Linhas de Pesquisa, uma vez que “Estética e Filosofia da Arte” é a área de concentração desse programa de Pós-Graduação); a organização de eventos internacionais pela Linha de Pesquisa “Estética e Filosofia da Arte” da UFMG remonta a 1993; ela desempenhou um papel pioneiro no país e ajudou a formar toda uma geração de pesquisadores em estética, atuando como uma espécie de “bienal brasileira de filosofia da arte”; em ordem cronológica, os eventos foram: “Morte da arte, hoje” (1993), “Belo, sublime e Kant” (1995), “As luzes da arte” (1997), “Katharsis” (1999), “Mímesis e expressão” (2001), “Theoria Aesthetica” (2003), “A dimensão estética” (2005). Todos os congressos, incluindo os dois eventos organizados em parceria com a UFOP e a ABRE, resultam em livros ou CDs (como este que o leitor não tem mais nas mãos).

Os organizadores do CD gostariam de agradecer, em nome dos demais organizadores do congresso (Imaculada Kangussu, Douglas Garcia Alves Junior, Guilherme Massara, Eduardo Soares) as fontes financiadoras que tornaram possível tanto o congresso quanto o CD: além do PPG-Filosofia da UFMG, o CNPq e a CAPES.

Rodrigo Duarte (UFMG)
Romero Freitas (UFOP)