Entrevista

Entrevista com Imaculada Kangussu, 02.05.2019

Por Miguel Gally (ABRE 2018-2020)

Com a transferência de sua sede para Minas Gerais, vê-se que a ABRE encontra em Belo Horizonte a estrutura mais antiga dos congressos internacionais de estética (1993 em diante) coordenados inicialmente pelo Rodrigo, e em Ouro Preto, você, Romero [Alves Freitas] e Cíntia [Vieira da Silva], sendo que você havia criado o primeiro FiFi (em 2002), que se tornou o primeiro evento itinerante nacional de estética. Desse modo, embora os eventos oficiais da ABRE tenham se tornado os congressos internacionais de estética, o FiFi merece um destaque por seu pioneirismo de itinerância, tendo percorrido na sua história todas as regiões do Brasil, exceto a Norte. Diante desse breve histórico, quando, de quem e de onde partiu a ideia dos Colóquios Filosofia e Ficção? O Mestrado em Estética e Filosofia da Arte da UFOP (criado em 2006) foi decisivo na época?

A ideia do FiFi surgiu em um colóquio sobre a terceira crítica, na Universidade Federal de Santa Maria. Quando encontrei Márcia Tiburi (UNISINOS, na época) e Jorge de Almeida (USP) e reclamei por eles não terem vindo ao Congresso sobre Filosofia e Linguagem, recém acontecido aqui em Ouro Preto. Eles disseram que não souberam do evento e sugeriram então que organizássemos um novo encontro – mesmo sem dinheiro, por adesão – que, então, viriam. Tive então a ideia de pensarmos Filosofia e Ficção.

Abre parênteses: há disputas sobre a nomeação (1) acho que já pensei o nome nesse momento, (2) Olímpio acha que foi ele quem batizou quando apresentei a ideia, e (3) Emília Mendes, professora da FALE-UFMG, reclama que foi ela quem me sugeriu o nome numa mesa de bar… em suma, a autoria do nome é incerta. Fecha parênteses.

Rodrigo, Daniel Omar Perez e Horacio Martinez, que também estavam em Santa Maria na ocasião, aceitaram na hora o convite e assim montamos o primeiro FiFi, com as adesões que você pode conferir no cartaz anexado (faltam os nomes do Hilan Bensusan e da Lívia Guimarães, que se juntaram a nós depois de pronto o cartaz). Foi organizado por Olímpio e por mim. Ninguém pensou no nosso mestrado, que eu saiba…

A itinerância aconteceu sem um planejamento ou havia, na época, a noção clara da ausência de um evento de estética que percorresse os principais centros de estudo em estética no território nacional?

Não pensamos em um segundo encontro, até que Cecília [Maria Cecília de Miranda Coelho], capturada pelo ocorrido, propôs a Hilan (talvez ele tenha pensado…) organizar um segundo FiFi. Aceitei na hora, com entusiasmo…

Em 2004, portanto, o segundo evento ocorreu no Estado de Santa Catarina? Em qual cidade e qual instituição apoiou sua ida?

Sim, em Floripa, na Universidade Estadual de Santa Catarina.

Foi a partir do VI FiFi (Brasília, 2013) que ele se tornou um evento internacional?

Sim.

Quem são os principais responsáveis por manter o FiFi em atividade?

Varia, atualmente o núcleo duro é formado por Carla Damião (magna condutora), Cecilia, Hilan e as Anas [Lúcia de Oliveira e Chiara].

Você gostaria de dizer algo mais sobre a chegada da ABRE a Minas e/ou sobre a criação do FiFi?

Sim. Quero dizer que participei (apresentando comunicação) desde o primeiro congresso de estética, organizado pelo Rodrigo; no segundo já como estudante organizadora e assim até me afastar da organização. Antes disso, acompanhei a mudança da ABRE para BH e estive na vice-presidência por alguns anos. Também saliento a participação do Rodrigo e outros membros da ABRE no FiFi. Considerando o título de tua mensagem, “História FiFi e ABRE”, gostaria de dizer que penso o FiFi como uma das atividades da ABRE, a qual sempre adotei como nossa editora na publicação dos anais, mesmo que isso aumentasse o trabalho burocrático, quando seria mais simples publicar pela UFOP.